
A diálise é um tratamento que substitui parcialmente a função dos rins quando eles não conseguem mais filtrar o sangue adequadamente, como ocorre em casos de insuficiência renal grave (aguda ou crônica). O objetivo da diálise é remover resíduos, excesso de líquidos e toxinas do corpo, além de equilibrar eletrólitos como sódio e potássio.
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), existem dois tipos principais de diálise: hemodiálise e diálise peritoneal. A escolha entre os dois métodos depende do estado clínico do paciente, preferências e estilo de vida, sempre com orientação da equipe médica.
Mas, além desses dois tipos, vamos conhecer também sobre a hemodiafiltração, um novo formato de proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes com insuficiência renal.
Tipos de Diálise
1. Hemodiálise
Na hemodiálise, uma máquina é usada para filtrar o sangue fora do corpo.
Como funciona:
– O sangue do paciente é retirado através de um cateter ou acesso vascular (fístula ou enxerto) e levado para uma máquina de diálise.
– A máquina contém um filtro chamado dialisador, que remove resíduos e excesso de líquidos do sangue.
– O sangue “limpo” é então devolvido ao corpo.
Duração e frequência:
– Geralmente, a hemodiálise é feita em clínicas especializadas, três vezes por semana, com sessões de 3 a 5 horas cada.
– Em alguns casos, pode ser realizada em casa, com treinamento adequado.
2. Diálise peritoneal
Segundo a KDIGO, uma organização global que desenvolve e implementa diretrizes de prática clínica baseadas em evidências em doenças renais, na diálise peritoneal, o sangue é filtrado dentro do corpo, usando o revestimento do abdômen (peritônio) como membrana natural para filtração.
Como funciona:
– Um cateter é inserido cirurgicamente no abdômen do paciente.
– Uma solução estéril de diálise é introduzida na cavidade abdominal através do cateter.
– A solução atrai resíduos e excesso de líquidos do sangue através da membrana peritoneal.
– Após um período, a solução é drenada do abdômen e substituída por uma nova.
Tipos de diálise peritoneal:
– Diálise peritoneal contínua ambulatorial (DPCA): O paciente troca a solução manualmente várias vezes ao dia.
– Diálise peritoneal automatizada (DPA): Uma máquina realiza as trocas de solução durante a noite, enquanto o paciente dorme.
Hemodiafiltração (HDF)
A hemodiafiltração (HDF) é uma modalidade avançada de terapia renal que une os princípios da hemodiálise tradicional com os da hemofiltração, permitindo a remoção de toxinas e líquidos do sangue de uma maneira diferenciada.
A hemodiafiltração envolve dois processos principais para a remoção de toxinas, otimizando a limpeza do sangue de maneira eficaz:
– Difusão: funciona de forma similar à hemodiálise tradicional, removendo toxinas de pequeno peso molecular, como ureia e creatinina, ao passar o sangue por um dialisador (filtro), onde o dialisato (solução dialítica) ajuda na eliminação dessas substâncias.
– Convecção: é o diferencial da HDF. Esse processo remove toxinas de médio e grande peso molecular por meio de uma ultrafiltração, onde grandes quantidades de líquido são retiradas do sangue. Esse volume é reposto com uma solução estéril, o fluido de reposição. A convecção tem o potencial de remover toxinas maiores, como a β2-microglobulina, que pode estar associada a complicações em pacientes submetidos à hemodiálise por períodos prolongados.
Quando a diálise é recomendada
A diálise é recomendada quando os rins perdem 85-90% de sua função e não conseguem mais manter o equilíbrio de fluidos, eletrólitos e a remoção de resíduos do corpo. Os fatores que podem levar à necessidade de diálise incluem:
1. Insuficiência renal crônica terminal (IRC) – Estágio 5:
– Pacientes com doença renal crônica avançada, em que a taxa de filtração glomerular (TFG) cai abaixo de 15 mL/min/1,73 m².
A diálise é iniciada quando o paciente apresenta sintomas graves, como:
– Fadiga extrema;
– Náuseas ou vômitos persistentes;
– Inchaço nas pernas, tornozelos ou rosto devido à retenção de líquidos;
– Dificuldade para respirar;
– Alterações graves nos níveis de potássio no sangue, que podem causar problemas cardíacos.
2. Insuficiência renal aguda (IRA):
– Em casos de insuficiência renal aguda, a diálise pode ser necessária temporariamente para evitar complicações até que os rins se recuperem.
3. Acúmulo excessivo de toxinas ou eletrólitos:
– Em situações de desequilíbrios graves de eletrólitos (como níveis altos de potássio) ou de toxinas que os rins não conseguem eliminar adequadamente.
4. Preparação para transplante:
– A diálise pode ser usada para manter o paciente enquanto se aguarda a disponibilidade de um rim para transplante.
Vida com diálise
Pacientes em diálise precisam seguir uma dieta especial, com restrições de sódio, potássio, fósforo e proteínas. A ingestão de líquidos também deve ser controlada para evitar o acúmulo de fluidos entre as sessões de diálise.
A diálise é uma opção de tratamento eficaz para pessoas com insuficiência renal avançada, ajudando a prolongar a vida e a manter uma qualidade de vida razoável, mas não substitui completamente a função dos rins. É um tratamento essencial para evitar complicações graves enquanto o paciente aguarda um transplante renal ou, em alguns casos, como tratamento contínuo em pacientes sem possibilidade de transplante. O acompanhamento médico especializado é fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento.
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